domingo, 19 de janeiro de 2014

Entendendo sobre Ambientalismo, Nativismo e Interacionismo na Psicologia.

Olá, caros amigos!!!
 Um dos mais ferrenhos embates travados dentro da área da Psicologia é aquele que diz respeito à questão se o ser humano é determinado por sua genética, suas características hereditárias, sendo, portanto, suas ideias e comportamentos inatos; ou se ele, ao contrário, é o produto do meio em que vive, sua aprendizagem sendo resultado de suas experiências.
A primeira submatriz, o nativismo, segue uma tradição racionalista iniciada com Descartes; já a segunda, o ambientalismo, segue o pensamento do empirismo de Locke. Estas abordagens se revezaram no domínio do pensamento filosófico e psicológico dos últimos séculos, influenciando diretamente o modo como se entendia o comportamento, a aprendizagem, a inteligência e também os campos político e ideológico.
Na tentativa de superar esta dicotomia organismo versus ambiente, alguns autores propuseram uma terceira posição, o interacionismo, que compreende o sujeito sendo formado tanto por suas experiências quanto por sua constituição genética.
Neste primeiro momento nos deteremos, a fim de facilitar a compreensão de todos, no ambientalismo.
O Ambientalismo Psicológico
O ambientalismo surgiu a partir da tradição do empirismo, corrente filosófica que afirma que a única forma de conhecimento se dá através dos sentidos. No século XIX, o ambientalismo se apoia no estudo das experiências sensoriais, como aqueles realizados por Helmholtz (1821-1894) nos campos da psicofísica e da psicofisiologia. Para ele, apenas as qualidades das sensações podem ser consideradas como a sensação pura e real; não obstante, a percepção dos objetos, assim como a grande maioria das percepções de espaço, seria uma capacidade aprendida, produto da experiência e treinamento.
Assim, por exemplo, nossa percepção dos objetos como um só e mesmo objeto é resultado do hábito de lidar com os objetos a partir de diferentes pontos de vista. Isso se dá porque há uma conclusão inconsciente, o que quer dizer que há uma compensação das deformações impostas pela percepção, garantindo a constância da forma.
Estes efeitos do hábito e também da memória se dão a partir de processos inconscientes e automáticos que dão às sensações puras denominadas por Helmholtz estrutura que não pode ser atribuída unicamente ao fenômeno sensorial.
Outro ponto da aprendizagem perceptual é a seleção de elementos sensoriais relevantes para a composição de imagem perceptiva de um objeto. Tal seleção obedece ao critério da conveniência que, com o hábito, tem a tendência de ignorar as partes sem importância para um objeto.
A partir do século XX a aprendizagem deixa de ser um fenômeno meramente explicativo de outros fenômenos e passa a ser o objeto de estudos e pesquisas, como vemos nas obras de Ebbinghaus (1850-1909) e Thorndike (1874-1949). Nesse período também acontece a ascensão do Behaviorismo, que fez com que a psicologia da aprendizagem recebesse um enfoque maior que qualquer outro tema; isto propiciou um avanço gigantesco ao ambientalismo e uma consequente diminuição na importância dada ao organismo. Foi dada uma especial ênfase ao controle do ambiente sobre o sujeito, o que resultou em uma dura crítica ao conceito de instinto e, ao mesmo tempo, em uma negação, da capacidade de agir do indivíduo. Deste modo, o sujeito passou a ser visto apenas como um reagente, sem autorregulação e espontaneidade.
Com Skinner (1904-1990) vemos um Behaviorismo e ambientalismo radicais, ao postular uma equipotencialidade entre estímulos e respostas (ou seja, mesma capacidade de um eliciar resposta no outro). Deixa bem claro que a experiência e, mais especificamente, as contingências do ambiente, seriam os únicos determinantes da estrutura comportamental.
Apesar de para Skinner a maior parte dos reforços para o homem serem reforços condicionados determinados cultural e historicamente, o que está na base da estrutura do comportamento são as condutas adaptativas, aprendidas em contato com os reforços. Tais condutas formam classes funcionais de respostas operantes surgidas no decorrer da história do sujeito. Não existiriam, então, classes estruturais, pré-formadas, inatas, puramente biológicas e hereditárias que interfeririam na formação da conduta adaptativa, só sendo aceitável pensar nelas em termos de respostas reflexas.
Enfim, o que se vê no ambientalismo é uma forte sobrevalorização da plasticidade comportamental, expressa no pensamento de que tudo pode ser aprendido; ao mesmo tempo, nega motivação, pró-ação, intencionalidade, etc.
Apesar de sua grande popularidade e aceitação, o ambientalismo sozinho não é capaz de explicar toda a complexidade humana, como ainda veremos.

O Nativismo Psicológico
Já no nativismo, autores como Muller e Hering, no século XIX, se destacam em relação à psicofisiologia. Muller postulou que há uma qualificação dos fenômenos sensoriais ao acionamento interno ou externo das energias específicas dos nervos e que a sensação é determinada fundamentalmente pelo que há de específico em cada via sensorial.  Hering afirmou que toda percepção externa se organiza de acordo com as dimensões de especialidade sendo determinadas pela estrutura do aparato visual.  No século XX Jacob Von Uexkull estudou o comportamento de diferentes espécies animais e percebeu que a  explicação dos comportamentos dependia do conhecimento da natureza do mundo de cada espécie.  
Em relação às críticas voltadas ao instinto, em uma época voltada para a cultura empirista, Mc Dougall postulou uma lista de 13 instintos gerais, incluindo comportamentos sociais do homem e foi bastante criticado pelo seu excessivo institivismo e mentalismo. Já Lorenz retornou com esse mesmo conceito, no entanto, livre do mentalismo e postulou que existe tanto elos instintivos inatos quanto adquiridos individualmente, e que no homem o componente inato se retrai mas não é jamais eliminado. Além disso, Lorenz realizou um experimento chamado privação de filhotes, que consistia em pegar um filhote e criá-lo longe do convívio com os outros  animais de sua espécie e em condições ambientais inadequadas para a exibição e treino de comportamento adaptativos mais típicos. E quando adulto seu comportamento será observado e será visto o que é hereditário e o que não é.
O estudo da hereditariedade foi crescendo e de Galton pra cá surgiram várias pesquisas, dentre elas a de Eysenck, onde foram feitos estudos psicométricos para concluir que há determinantes genéticos na capacidade intelectual. 
E por fim, Chomsky, situa-se na tradição linguística racionalista cartesiana e do pensamento romântico organicista, onde ele postula que o aspecto criativo do uso da linguagem, a fala,  não está determinada pela associação fixa de palavras a estímulos externos ou a estados fisiológicos. O homem é capaz de emitir livremente frases nunca antes ditas e interpretar sem dificuldades enunciados absolutamente originais.

Os Interacionistas 
Segundo os interacionistas o organismo é adaptado ao seu ambiente, e o ambiente ao organismo de forma a manter a vida. O ambiente é assim expresso na estrutura de cada parte do organismo e vice-versa. Ou seja, segundo os interacionistas não se pode separar a estrutura orgânica da estrutura ambiental, elas não funcionam isoladas, mas estão em mútua coordenação.
Os próprios conceitos de “organismo” e “ambiente” não se podem definir senão em termos de interdependência. É natural então que exista uma terceira força que engloba o ambientalismo e o nativismo. Dentre os autores cujas obras dão ênfase ao interacionismo temos: Baldwin, Lloyd Morgan e Poulton, cujas obras estão associadas à ênfase nas interações reciprocamente determinantes entre ambiente e organismo e entre a história do individuo e a história da espécie.
 Alguns autores se colocaram a favor do Interacionismo. Piaget expressa em parte de sua obra a relação entre o organismo e o meio e como eles se determinam mutuamente. Ele afirma que as reações do organismo são resultado do desenvolvimento dos processos cognitivos, afetivos e motivacionais. Pra Freud, o desenvolvimento individual retrata a luta entre o natural e as possibilidades ofertadas pelo ambiente físico e social à atualização da natureza.
F. A. Beach relatou a tese de que tanto o comportamento aprendido como o que não é aprendido estão sob controle genético. M. Seligman propôs que há vários graus de facilidade na aprendizagem. Estes graus são distribuídos entre as espécies de forma que não se pode afirmar que uma espécie é mais ou menos inteligente que a outra, pois há relações fáceis de aprender para algumas espécies e difíceis para outras. Lorenz afirma que o significado que a relevância que a experiência tem como produtora de aprendizagem é definido pela carga genética.
Atualmente, o interacionismo inclina-se a ser o ponto de vista predominante, refutando o nativismo e o ambientalismo radical.

Raízes socioculturais - Um breve resumo
        O apogeu do empirismo epistemológico está associado à luta antidogmática da nova ciência e a luta contra a autoridade não legitimada pela razão e pelo consenso. A experiência é o tribunal e o discernimento, o juiz. O sujeito se torna independente de toda sujeição e de toda tradição.

O Ambientalismo  
- o ambiente exercia um poder absoluto de criar e modelar o organismo;
- união de traços progressistas e conservadores;
- todos são iguais e todos podem aprender;
- passa a responsabilizar o meio por alguns adventos antes associados ao indivíduo;
- legitima o poder monopolizado;
- legitima a tecnoburocracia e a planificação autoritária;
- legitima a tecnoburocracia e a planificação autoritária.

O Nativismo
- coloca o transcendentral como inato;
- o sujeito atrela a si o objeto retirando-lhe toda existência autônoma;
- o sujeito se constitui como expressão de uma vontade;
- enfatiza a relatividade do conhecimento.

Interacionismo
- Para Piaget: o organismo se propõe no controle do conceito de moral autônoma.
- Para Freud: corresponde à plena realização do ideal funcionalista liberal.



REFERÊNCIAS:

FIGUEIREDO, Luis Cláudio M. Matrizes do Pensamento Psicológico. Editora Vozes, 15ª edição. 2008. 


Concepções de aprendizagem.

A seguir, um vídeo com uma pequena introdução sobre as diferentes concepções de aprendizagem em relação ao âmbito educacional.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Relação entre homem e natureza.

No vídeo a seguir, o Psicólogo Afonso Fonseca, especialista em Psicologia Ambiental, explica o equívoco na relação entre o homem e a natureza.

Apresentação

Olá, caros (as) visitantes!!!
Sejam todos (as) bem-vindos (as) ao Psico?(Logicamente), um blog para quem estuda Psicologia e também para quem não estuda, mas tem a maior vontade de conhecer. Um local para quem gosta e se interessa por esta área tão grande e fascinante que é a nossa Psicologia.
Os assuntos aqui abordados são aqueles debatidos nas aulas de Psicologia trabalhados em sala de aula na disciplina de Psicologia Filosófica, ministrada pelo professor Doutor em Filosofia, Gustavo Pereira, do 4° Bloco do curso de Bacharelado em Psicologia da Universidade Federal do Piauí-UFPI.
A proposta é fazer com que este saber ultrapasse os limites da Academia e possa se tornar cada vez mais abrangente. Assim, temas como as abordagens existentes na Psicologia e sua relevância serão amplamente discutidos, possibilitando que cada vez mais pessoas tenham acesso ao conhecimento que tantas vezes parece inacessível.
Para um melhor entendimento, além da biografia dos pensadores mais relevantes para o assunto tratado, procuraremos sempre dar dicas de livros, sites, revistas, filmes, documentários, etc., que tratem do tema.
Que todos sintam-se convidados a participar deste espaço de construção do conhecimento.
Uma boa leitura a todos, esperamos que gostem!!
Abraços!!

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Quem somos?


Autores do Blog (na ordem das caricaturas) :
Thamara Carvalho, Anastácia Carvalho, Nicolie Fontenele, Clara Oliveira, Fernanda Pacheco e Marcos Brito.
Estudantes do 4º período de Psicologia - UFPI